Uma vez que as onomatopeias são palavras cuja fonia se confunde com o som que pretendem significar, acreditamos que o leitor esteja a sofrer de uma qualquer troca de sentidos, uma vez que fotografar uma onomatopeia é aquilo a que se costuma chamar de tarefa impossível.
Quando há uma troca dos sentidos, isto é, aos sons serem captados como imagens ou o olfacto como sons, ocorre o que se chama de sinestesia. Os fenómenos de sinestesia são mais frequentes do que se pensa. Quem experimenta sinestesia permanente, pode mesmo ganhar a vida com isso. Alguns críticos musicais famosos que sofriam de sinestesia auditivo-visual experimentavam sensações de cor com que depois classificavam as obras. Beethoven, por exemplo, já foi classificado de verde-azulado por uns ou azul-esverdeado por outros mais puristas.
Os fenómenos de sinestesia mais usuais são apenas temporários e quase sempre se devem a um qualquer traumatismo sofrido na massa encefálica. Suponho que deve ter avistado um imenso PANG formar-se em pleno ar no momento em que apanhou com aquele pau nos cornos.
Como não queremos deixar nenhuma questão por responder, procurámos ajuda junto dos maiores especialistas mundiais em onomatopeias: mímicos, palhaços pobres e electricistas acabados de cair do escadote depois do esticão que apanharam ao testar, com a ponta da língua, o bom estado dos disjuntores diferenciais.
A prova de que, para nós, não há questões impossíveis é que conseguimos fotografar um par de onomatopeias passeando de mão dada no jardim.
Sem comentários:
Enviar um comentário